Primeiro brasileiro selecionado em programa de bilionário do Paypal vende startup para o Nubank

O sergipano Felipe Meneses, de 23 anos, é um dos fundadores da Hyperplane, empresa de inteligência de dados adquirida pelo banco digital.

Este é um ano de sorte para o brasileiro Felipe Meneses, sergipano de 23 anos. Cofundador da empresa de inteligência de dados Hyperplane, ele foi o primeiro brasileiro a ser aceito no Thiel Fellowship, programa de aceleração de dois anos criado por Peter Thiel, cofundador do PayPal, que destina US$ 100 mil a fundadores de startups para que larguem a faculdade e se dediquem aos negócios.

Agora, chega outra boa notícia para o jovem: sua startup acaba de ser adquirida pelo Nubank, por um valor não divulgado. “Nossos primeiros investimentos em IA, somados à impressionante infraestrutura e à talentosa equipe que a Hyperplane montou, vão acelerar nossa missão”, diz em nota David Vélez, fundador e CEO do Nubank.

A Hyperplane, lançada em 2022 por Daniel Silva, Felipe Lamounier, Rohan Ramanath e Felipe Meneses, usa modelos com base de dados proprietários para fornecer serviços financeiros. A plataforma permite que instituições financeiras treinem, avaliem e implementem modelos de aprendizagem profunda (“deep learning”) auto-supervisionados em dados proprietários para tomada de decisões.

A startup, que conta com um time de 32 funcionários, já recebeu R$ 30 milhões em investimentos de Lachy Groom, SV Angel, Clocktower Technology Ventures, Liquid2 Ventures, Soma Capital, Latitud, Atman Capital, Crestone VC e Norte.

Bolsa de US$ 100 mil

O programa Thiel Fellowship tem em seu histórico nomes de destaque da tecnologia, como Vitalik Buterin (Ethereum), e Lucy Guo (Scale AI). Ao todo, 11 dos 271 participantes foram responsáveis pela criação de unicórnios, startups que ultrapassam valor de mercado de US$ 1 bilhão.

“Realmente é um grupo de pessoas incríveis”, disse Meneses, em entrevista a Época NEGÓCIOS. “Ficamos em contato constante. Não há uma mentoria formal, mas ter acesso a essa comunidade é uma oportunidade incrível por si só. Posso mandar uma mensagem, fazer uma pergunta difícil e eles conseguem responder porque já viveram aquilo”, conta. “O que é complexo para mim pode ser fácil para eles”.

Ele entrou para o programa em março deste ano, mas já havia largado a faculdade de Standford ainda em 2020, justamente por causa do sonho de empreender. “Acho que também fui aceito porque viram que eu estou totalmente focado no negócio”, opina. Agora, os próximos passos do empreendedor incluem expandir a operação da empresa para os Estados Unidos. Com sede no Vale do Silício, na Califórnia, a Hyperplane já tem 12 bancos brasileiros como clientes.

“Foi importante começar pelo Brasil porque há um sistema financeiro mais concentrado, e precisávamos disso para ter acesso aos dados muito rapidamente e provar nossa tese. Agora, os Estados Unidos têm uma diversidade enorme de bancos, são 4.500. Nosso foco de expansão está aqui”, diz.

“Serviços impecáveis”

A Hyperplane é uma plataforma de inteligência modular, explica Meneses. Cada vez que ela inicia a sua atuação em uma instituição financeira, os modelos são treinados do zero com uma arquitetura de LLM (grande modelo de linguagem) própria e de acordo com os dados que aquele banco específico possui.

Na prática, faz com que o banco possa hiperpersonalizar a construção de IA para que os processos sejam adaptados à sua quantidade de dados. A partir disso, pode analisar uma série de variáveis financeiras: renda, acesso a crédito, melhores produtos, como alcançar o cliente.

A Hyperplane conseguiu aumentar em 46% o valor transacionado em um neobanco cliente seu ao identificar que o limite de crédito dos usuários estava errado e deveria ser aumentado. Isso, claro, levando em conta os riscos de inadimplência.

Outro exemplo, relatado por Meneses, ajuda a entender melhor o que a plataforma faz: “Um banco já irritou você com a quantidade de notificações que envia? Nosso modelo consegue identificar qual o melhor próximo produto que o banco deve oferecer, prevendo o que é melhor para aquele cliente e o que será mais fácil de converter. Isso beneficia não só o banco, mas também o cliente, porque ele terá acesso ao produto adequado, ao serviço de que realmente precisa”.

Questionado sobre qual o plano a longo prazo para a empresa, Meneses responde: “Sonhos são importantes para inspirar, mas o que me move no dia a dia mesmo é você acordar às 7h da manhã e fazer o próximo passo. Em cinco anos, quero que minha plataforma tenha impacto direto na vida de 100 milhões de pessoas. Imagine 100 milhões de pessoas com serviços financeiros impecáveis”, conta o jovem.

FONTE:

https://epocanegocios.globo.com/startups/noticia/2024/06/primeiro-brasileiro-selecionado-em-programa-de-bilionario-do-paypal-vende-startup-para-o-nubank.ghtml